O
custo da não qualidade (ou da não conformidade) é um assunto que está
atualmente dentre os mais discutidos (se não for o mais discutido)
dentro das organizações. Ele demonstra financeiramente a importância
de se ter qualidade nos produtos, processos e/ou serviços prestados
pela empresa, inclusive mantendo para o departamento da qualidade uma
boa parcela de importância dentre as discussões estratégicas por parte
da direção da organização.
Produzir com qualidade, significa gastar menos!
Atualmente
o mercado exige cada vez mais qualidade e preços cada vez menores,
certo? Clichê, não é? Na verdade as empresas têm encontrado na redução
de custos (incluindo os desperdícios) uma forma de aumentar
a sua lucratividade ou até, em muitos casos, criar um lucro inexistente
em algum projeto específico. Sim, já presenciei alguns casos em que a
empresa aceitou o projeto mesmo tendo projeções nulas ou negativas de
lucro nos seus cálculos iniciais para fornecimento
de um produto, assumindo um arriscado objetivo de reduzir os seus
custos operacionais ao longo da execução do projeto e transformar esse
“prejuízo” em “lucro”. Na realidade, essa prática é relativamente comum
em alguns ramos de negócio, onde as empresas aceitam
projetos com margem baixa, zero ou até negativa, pois possuem cunho
estratégico para o negócio, compondo a sua carteira de produtos ou até
mesmo para inserir-se na carteira de fornecimento de um cliente, mercado
ou ramo específicos.
Bom, estratégias empresariais a parte, voltemos à vaca fria.
O
custo da não qualidade, ao contrário do que se pode pensar, é muito
mais profundo e complexo do que apenas preocupar-se com as metas de
scrap (ou refugo, backlog, etc., cada ramo utiliza um termo diferente
para aquilo que se joga no lixo) ou a reduzir o retrabalho em seus
processos de manufatura ou prestação de serviços. Na realizada, qualquer
“desvio” daquilo que foi planejado, além de todas as suas consequências
ou desdobramentos também são considerados custos
da não qualidade. A isso, incluem-se também qualquer desvio
administrativo e não só a componentes ou produtos.
Por
exemplo, o atraso no envio de uma proposta comercial ao cliente, ou
qualquer documento que não chegue onde deveria chegar no tempo
programado, é considerado um CNQ, assim como tudo o que foi gasto em
deslocamento
de pessoal, almoço, retrabalhos, ligações, etc., quando da reclamação
de um componente defeituoso por parte do cliente.
Seria
impossível listar aqui tudo o que poderia ser considerado um CNQ,
devido aos inúmeros tipos de negócios e processos diferentes. Podemos
categorizar o CNQ como qualquer “desvio ou distúrbio” daquilo que
foi previamente especificado.
Pergunte-me: Mas Rodrigo, como vou medir o CNQ com tantos níveis de detalhes assim?
Não
é fácil, mas é simples. Crie um relatório de não conformidade interna
(ou qualquer outro nome que desejar) assim como existe para seus
clientes consigo e a seus fornecedores, de modo a registrar tudo o
que houver de desvio em seus processos internos – administrativos ou de
manufatura. A Engenharia atrasou o envio de um desenho para o
laboratório de ensaios, atrasando o início dos testes? O laboratório de
testes deveria abrir um relatório de não conformidade
para a Engenharia, detalhando o problema. E isso vale para qualquer
distúrbio causado no processo.
Claro
que tão ou mais importante do que o registro de tais desvios, é a
tratativa que se dará a eles ao longo do tempo. Mensurar a quantidade de
atrasos no envio de desenhos pelo departamento de engenharia
só será útil se forem tomadas ações para que esse índice seja reduzido.
É notório que levantar os custos da não qualidade significa que já
gastou-se dinheiro com algo que não tenha sido feito corretamente, ou
seja, esse é um trabalho que deve ser feito olhando
para frente, buscando melhorar continuamente seus processos internos de
modo a reduzir a quantidade de dinheiro que se “joga pela janela”.
Exceto onde o causador de tais desvios seja um fornecedor e um prestador
de serviço, que DEVE oportunamente arcar com
os custos que a sua empresa teve e que fora ocasionado por ele. Mas
isso deve ser acordado com os fornecedores e a participação em todo o
processo de atendimento ao desvio deve ser feito em conjunto com os dois
(sua empresa e o fornecedor), para que não haja
equívocos ou qualquer desconforto que possa ser causado por custos
cobrados indevidamente.
Portanto
é isso. O assunto CNQ é bastante extenso e deve ser cuidadosamente
estudado para ser implantado com eficácia dentro da empresa, de modo a
realmente agregar valor e tornar os processos da empresa mais
enxutos e consequentemente tornando os custos operacionais mais baixos.
Seria impossível tratar de toda a sua extensão em apenas um post aqui
no blog, mas quero deixar aqui a importância que esse tema tem para a
vitalidade das empresas (ou daquelas que identificam
esse problema em seus processos).
O problema foi originado internamente? Resolva-o.
O problema foi originado pelo seu fornecedor? Desdobre o problema até ele e auxilie-o na solução dos problemas.
É isso.Por Rodrigo Bordini Correa em Gestão da Qualidade, Produtividade
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